segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Sitagliptina -utilização em humanos para tratatamento da Diabetes tipo 1.

Um estudo inédito de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto (FMRP-USP), mostrou que o uso do medicamento sitagliptina, pode deter o diabetes tipo 1 em humanos. Esta é a primeira vez que a substância é testada em humanos e os resultados preliminares dos testes em dois pacientes mostraram que o medicamento permitiu a redução das aplicações diárias de insulina necessárias para controlar os níveis de açúcar no sangue. O estudo ainda está em andamento e os testes que comprovarão a eficácia do tratamento ainda devem prolongar-se por tempo indeterminado. Segundo o endocrinologista Carlos Eduardo Couri, um dos pesquisadores do estudo, o diabetes tipo 1 é uma doença auto-imune, ou seja, o sistema imunológico destrói o próprio órgão do paciente, neste caso as células do pâncreas que produzem a insulina, hormona que controla as taxas de açúcar no sangue (glicemia). “O paciente com esse tipo de diabetes precisa de aplicar injecções de insulina várias vezes ao dia, caso contrário corre o risco de morrer”. Segundo Couri, os testes com a sitagliptina estão a ser feitos com dois pacientes desde Fevereiro. Esses pacientes fazem parte de um grupo de 23 voluntários que participam numa pesquisa inédita no mundo para controle da diabetes tipo 1 com células-tronco, iniciada em 2003. “Com as células-tronco nós conseguimos suspender o uso da insulina na grande maioria dos pacientes, com muito êxito”. Dos 23 pacientes, 20 pararam de usar a insulina em algum momento. Desses, 14 estão continuamente sem usar a insulina, em média há dois anos. Entretanto, os dois pacientes, um há quatro anos e outro há pouco mais de três anos sem tomar insulina, precisaram de retomar seu uso. Foi nesse momento que os pesquisadores resolveram experimentar nessas pessoas a sitagliptina, medicamento novo que vem sendo usado com sucesso em pacientes da diabetes tipo 2. “Esse remédio faz com que as células do pâncreas que produzem insulina se proliferem e impede a actuação do glucagon, que é a hormona rival da insulina”. Couri afirmou que depois de dois meses de utilização desse medicamento nesses pacientes, os pesquisadores conseguiram suspender novamente a aplicação da insulina, o que incentivou os médicos a testarem o remédio em outros pacientes do grupo. O paciente toma a insulina associada à sitagliptina por via oral uma vez ao dia, ao acordar. “Todos eles já estão com redução de dose da insulina aplicada durante o dia. Eles tomam os dois medicamentos e à medida que o tempo vai passando vamos percebendo que eles precisam cada vez menos de insulina”. Mesmo assim Couri reforçou que o estudo ainda não foi concluído e está apenas no início, portanto, o medicamento só deve ser utilizado pelos voluntários do estudo, que são acompanhados pela equipe médica responsável pela pesquisa. “Não sabemos o que isso vai trazer daqui a dez anos para os pacientes. Nada disso é garantido, por isso passa pelo Comité de Ética e os pacientes assinam um termo. E nós evitamos falar em cura para não criar falsas expectativas”. O endocrinologista disse ainda que para que a sitagliptina seja indicada para os pacientes do diabetes tipo 1 é necessário que os testes sejam feitos num grande número de voluntários.

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